O ser humano, em sua caminhada evolutiva, se esforçou pelo progresso material e, atualmente, a humanidade desfruta de um grande avanço na área de medicina, engenharia, informática e eletrônica. Os extremos do planeta se comunicam com facilidade, a medicina conta com extraordinários avanços para auxiliar o diagnóstico etc… Sem dúvida o progresso é muito grande!
O homem, sendo seduzido pelos prazeres materiais, movido pela vontade de dominar o que está à sua volta, passou séculos dentro de laboratórios estudando, pesquisando, descobrindo. Agora ele domina, conhece, tem, sabe, mas ainda não PODE. Acha que progrediu muito e por isso seu orgulho não aceita que ainda há muito a fazer, que isto é apenas um começo.
A evolução material, sem dúvida, é uma grande conquista, mas ela, apesar de eficiente, está quieta e indiferente. As máquinas não sentem, não nos fazem companhia, não nos dizem ao coração. Precisamos de algo mais forte, que dê um impacto em nossas vidas, pois nos sentimos frustrados tendo o conforto e não sendo felizes.
O progresso da humanidade cumpre uma seqüência lógica. Como na escola, começamos a desenvolver nosso raciocínio com matérias de total objetividade até sermos capazes de mentalizar as coisas mais subjetivas. Nosso desenvolvimento não poderia ser diferente. Natural que tenhamos chegado ao clímax material antes de alcançarmos o domínio das coisas do Espírito, mas urge que partamos daqui para frente. Não podemos cruzar os braços diante das nossas conquistas porque elas não são tudo o que necessitamos para sermos felizes, isto já está claro!
Perante a falência do mundo material, busquemos o invisível. Vamos começar, mesmo que engatinhando, a caminhada maior, aquela para a qual Jesus nos chamou. Esta é mais difícil e talvez mais longa, porém, é o que nos resta: conhecimento e educação de Espírito, na aceitação das Leis de Deus. Mas como começar esta busca? Que caminho devemos tomar?
Sempre que estamos numa estrada e queremos mudar de rota, é preciso primeiro parar, pensar na que vamos seguir e varrer dos nossos objetivos o caminho que estávamos seguindo. Para mudar o rumo das nossas vidas, também é preciso esvaziar nossas mentes da ânsia e correria do cotidiano, para concentrar nossas forças na nova meta a ser atingida. Sigamos os exemplos que Deus nos enviou. Paulo de Tarso, quando viu Jesus na estrada de Damasco, desviou radicalmente seu objetivo de vida. Silenciou por 3 anos no deserto, concentrando energias em seu novo ideal para depois estar em condições de exercer o grande papel junto ao Evangelho.
Jesus de Nazaré se isolou por 40 dias para meditar e se fortalecer antes do testemunho final, buscando através do silêncio, maior contato com as forças divinas. Precisamos da quietude interior para aplacarmos nossas angústias psicológicas, nossos anseios materiais, questionar nosso comportamento com o novo posicionamento perante o Pai, buscando a aceitação sincera da realidade do nosso eu interior.
Nenhuma mudança se faz sem lutas e o mérito da conquista está em vencê-las, superando seu trauma. O ser humano que se reconhece cristão deve ir à guerra contra as próprias imperfeições e as que invadem os mais diversos círculos sociais e religiosos. Jesus silenciou por 30 anos mas, chegada a hora do cumprimento de sua missão, soube lutar com firmeza, não compactuando com a hipocrisia. Portanto, é preciso procurarmos coragem dentro de nós mesmos para irmos contra a hipocrisia e o verniz social que encontra guarita tão facilmente até nos meios onde as pessoas se dizem trabalhadores de Jesus. Ele não agiu assim e por certo não estará satisfeito com estas atitudes.
Precisamos entender que a grandeza está em nos mostrarmos limpos e transparentes, sem cultivar as aparências, pois elas são como a casa construída sobre a areia. Comecemos hoje o trabalho do auto-reconhecimento e aceitação de nossas próprias misérias. Assim estaremos trabalhando com fatos reais e construindo nossa casa sobre rocha. O homem que já conseguiu mergulhar dentro da intimidade de sua alma não se envaidece com cargos, posições, elogios, homenagens porque sabe que coisas assim são meras banalidades e maior que tudo isto é a alegria do encontro com Deus através da corajosa viagem nas profundezas do seu eu.
“Deus resiste aos soberbos e dá sua graça aos humildes”.
O silêncio é o começo, a luta é o meio e a felicidade o fim.
Gisele D´Amico
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