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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Não Matarás

O que nos dá o direito de pensar que somos livres para matar?
Quem pode julgar o valor da vida de um inseto?
Quem tem a capacidade de julgar ser pouco importante a existência de um rato ou de um pernilongo?
Como saber discernir o valor exato de cada vida? Qual os parâmetros a serem seguidos? Qual é a medida?
Quem somos nós para pensarmos ser Deus? Quem nos deu esse poder ?
Todo mundo e ninguém.
Ninguém tem o poder de exterminar. Ninguém tem o poder de aniquilar. Ninguém tem o poder de ferir e matar deliberadamente.
Mas todo mundo julga tê-lo.
Já me vi em situações muito engraçadas. Ao pegar uma barata com uma toalha para não machucá-la e pô-la para fora de casa ao invés de matá-la, como falaram !
Ao tocar pacientemente um besouro para um canteiro em pleno Pão de Açúcar, me olharam como se fosse doida...
Ao salvar um pombo das mãos de moleques que o apedrejavam, logo alguém me disse: "é só um pombo, tem tantos, são sujos, transmitem doenças..."
Ao que eu respondi: "se for por isso... nós também !"
Afinal, quem somos nós para julgar quem é nocivo a quem ou quem traz doenças e problemas de saúde ? Não podemos nos esquecer jamais de que fomos uma das últimas espécies a aparecer no planeta. Os animais já existiam. Eles habitaram a Terra antes de nós.
Se há alguma espécie perniciosa, infecciosa e destrutiva é a espécie humana, que só tem feito exterminar, chacinar e se espalhar como uma praga por todos os cantos do planeta. E alguém cogita em acabar com ela?
Não matar não é nada fácil. Sabemos disso. Qual de nós pode dizer que nunca matou?
Ninguém.
Matamos os ratos que invadem as casas, matamos os insetos que destroem as colheitas, matamos as formigas que entram na despensa, matamos sem dó os mosquitos que transmitem a dengue.
Não é disso que estou falando. Essa é uma morte que defende a vida. Uma morte infelizmente necessária. Uma morte miseravelmente importante para a manutenção da vida.
O mais importante em tudo isso é saber discernir.
Porque matar um sapo que entra em seu quintal ? O que ele lhe fez de mal ?
Porque atirar pedras em uma ave inofensiva ?
Porque arrancar as aranhas das teias ou esmagar formigueiros no campo ?
Porque arrancar as flores e folhas das árvores apenas para exibi-las em sua casa ? Ou pior ainda, por passatempo ?
A vida é uma dádiva sagrada.
A vida é um presente de Deus.
Não nos cabe julgar seu valor.
Não nos cabe elevar uma vida em detrimento de outras.
Todos somos importantes, somos peças da grande engrenagem do mundo.
E cada peça se encaixa num grande e perfeito organismo...
Portanto, não matarás o inseto que cruza seu caminho.
Não matarás o pequeno gafanhoto que sobe em seu dedo.
Não matarás as abelhas no parque.
Não matarás a aranha que tece sua teia delicada.
Não matarás as aves nem as aprisionará.
Não matarás por puro prazer, nem por motivos fúteis.
Não promoverás devastações sem sentido, nem darás vazão à tua fúria destrutiva.
Não descontarás sua ira em cima das plantas e dos animais.
Talvez então te salve a ti mesmo.
Talvez assim a consciência se assossegue.
Talvez então tenhas a paz.

Desconheço o Autor

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