Sem qualquer sombra de dúvida, a criatura humana só experimenta decepções e amarguras, no campo das relações sociais, pelo desprezo dado aos ensinos do Mestre Jesus.
É por demais comum ao homem terreno construir sua felicidade sobre os alicerces das considerações do mundo. Costuma estar feliz quando usufrui prestígio público, quando goza de renome nas áreas que atua, quando conta com os aplausos dos amigos, quando, enfim, conduz o ego inflado de tantas glórias de características bastante precárias, em se considerando os diversos acidentes do percurso humano.
Ninguém será capaz de menosprezar a importância de alguém ser benquisto. A alegria de contar com a consideração dos afetos, dos familiares e dos amigos ou os júbilos relativos à vitória de nobres conquistas realizadas nos vários campos da vida, seja nos estudos acadêmicos ou na profissão, seja nas áreas da sensibilidade artística ou na destreza esportiva, e outras mais que suscitam o reconhecimento popular, tudo isso parte da marcha bem-aventurada dos espíritos reencarnados.
Entretanto, queremos enfocar os episódios em que as considerações exteriores ganham tamanha importância que muitas pessoas se descompensariam, caso tivessem que viver sem elas.Para grande número de alma, mais vale o reconhecimento ou a bajulação externa do que a verdade, propriamente. Daí, incontáveis levas de indivíduos adotar a mentira como padrão de comportamento na vida a fim de que não se privem das gloríolas mundanas, ainda que seja por um dia.
Nesse caminho, compram-se títulos acadêmicos, diplomações sociais, posições políticas, currículos artísticos, emblemas profissionais quando se deseja evidenciar ou destacar o que não é legítimo, o que não é verdadeiro, o que não é de fato.
Quantos perdem o bom humor quando não são convidados para alguma festividade, pretextando desconsideração por seu nome?
Quanto os que se põem irritados por não ver seus nomes nas colunas sociais dos periódicos onde julgavam devessem aparecer?
Quanto são os que se mostram azedos quando não são convidados para composição de mesas, de bancas, de comissões, de lideranças, e outras coisas mais que têm tudo a ver com as vaidades do mundo, e nada a ver com a verdade que deve ser buscada na vida?
Jesus ensina que aquele que quiser destacar-se, no reino dos céus, seja o servidor de todos, na Terra (Mt, 23:11). É todo um esforço de valorização da humildade dignificada pelo trabalho.
O exemplo do Senhor de Nazaré é marcante. Ele foi chamado de rei, de príncipe dos demônios, de senhor dos espíritos, de blasfemo. Os encômios não Lhe encheram os olhos nem Lhe subiram à cabeça; as agressões, por sua vez, não O deprimiram nem O desestimularam ante os compromissos que trazia para atender, porque reconhecia a compreensível relatividade e precariedade do emocionalismo das massas.
Até os dias presentes, a porcentagem da humanidade que já ouviu falar sobre Ele continuar a dar-Lhe títulos, rotulações, nomeações que não O perturbam, seja qual for seu caráter ou intenção. Uns chamam-No deus; outros dizem-No profeta; outros mais O chamam de impostor. Alguns O querem nivelar aos homens comuns enquanto vários O desejam divinizar…
Enquanto as opiniões divergem em relação a Ele e Seu ministério, Ele prossegue intocável em Sua pulcritude, em Sua fulgurância, deixando tocar tão-só pela sincera honestidade dos corações humanos que O amam, que O servem, que O seguem em qualquer ponto do planeta.
Jesus Cristo é o Senhor que nos ensina a tomar os últimos lugares nos festins a fim de que possamos treinar desapegos a posições sociais. Mas, é aquele Amigo que recomendou que caminhássemos a segunda milha com que nos obrigasse a caminhar uma (Mt, 5:41), orientando-nos a fazer sempre um pouco mais do que o simples dever, com boa vontade, de modo que, com Ele, não nos ensoberbêssemos com as glórias fátuas, passageiras, que vêm dos homens.
Francisco de Paula Vítor e J. Raul Teixeira.
Obra: Quem é o Cristo?
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